quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Greve geral contra governo Berlusconi paralisa a Itália

Trabalhadores dos setores público e privado fazem uma greve geral de 24 horas na Itália contra o governo de Silvio Berlusconi. A atual crise financeira agravou a situação econômica no país. Segundo levantamento da Caritas Italiana, cerca de 7,5 milhões de pessoas (13% da população) estão vivendo em situação de pobreza.

Por Janaina Cesar – Especial para Carta Maior - http://www.cartamaior.com.br

A Itália parou nesta sexta-feira por 24 horas em uma greve dos trabalhadores do setor público e privado, da indústria, dos transportes e das escolas. A greve geral organizada pela Confederação dos Comitês de Base (Cobas), Confederação Unitária de Base (Cub) e Sindicato dos Trabalhadores de todas as categorias (Sdl), expõe o fracasso do governo de coalizão primeiro ministro Silvio Berlusconi com o partido de extrema direita Liga no Norte.

Além da greve geral desta sexta, já estão marcadas várias outras mobilizações: entre os dias 21 e 23, manifestações da União dos Estudantes; dia 30, greve geral organizada pelos sindicatos Confederação Geral Italiana do Trabalho (CGIL), Confederação Italiana dos Sindicatos do Trabalhadores (Cisl) e União Italiana do Trabalho (Uil) e dia 14 de novembro, paralisação de nacional das universidades públicas.

Os grevistas pedem um aumento geral dos salários e pensões; introdução de um mecanismo que aumente os salários quando aumentam os preços em geral; defesa dos serviços públicos, dos bens comuns, do estado de direito e de saúde, do direito à casa e a instrução. As mobilizações também representam um protesto contra o novo modelo de contrato de trabalho que prevê a limitação de representação sindical proposto pela Confederação das Indústrias e contra a nova reforma escolar que prevê classes separadas para alunos italianos e estrangeiros que não falam italiano.

Segundo os organizadores, essa onda de greves é um grito contra um governo que não prioriza os interesses do país, mas sim o de alguns grupos privados. Um exemplo disso é a empresa Alitalia que acabou dividida e vendida a um grupo próximo ao presidente Berlusconi. Outro alvo de protesto é a lei Lodo-Alfano, que bloqueou por cinco anos todos os processos contra representantes do Estado.

Em meio à atual crise financeira que abalou o mundo, o governo injetou 20 bilhões de euros para salvar bancos do país. Ao mesmo tempo, propõe uma reforma na educação que prevê um corte de mais de 83 mil postos de trabalho.

Na quinta-feira (16), um dia antes dos trabalhadores cruzarem aos braços, foi publicado o último dossiê da Caritas Italiana sobre o nível de pobreza que atinge o país. Cerca de 7,5 milhões de pessoas - o que representa 13% da população - vivem com menos de 500–600 euros por mês. Os mais atingidos são idosos e famílias numerosas.


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