Por Conselho de Fábrica da Flaskô
Cerca de 50 trabalhadores e apoiadores da Fábrica Ocupada Flaskô realizaram nesta quarta-feira (22/10) um ato público em frente à Companhia Paulista de Força de Luz (CPFL) para protestar pela retomada imediata do fornecimento de energia elétrica e pela retomada da negociação (de onde ela parou).
Na segunda-feira (20/10), uma comissão da fábrica foi até a CPFL para conversar, mas a companhia não recebeu os trabalhadores, não confirmou o motivo do corte e nem sequer aceitou protocolar os documentos que a comissão levou. Um funcionário disse que tinha ordens para não receber nada e nem ninguém da Flaskô.
Diante dessa intransigência, no dia seguinte, a comissão procurou a Superintendência do Ministério do Trabalho (DRT/SP), que estava mediando as negociações, para relatar o ocorrido. A DRT resolveu, então, intimar a CPFL a comparecer, em 48 horas, numa nova audiência. O prazo se esgota nesta quinta (23/10), às 14h.
Assim, o ato público marcou a entrega dessa intimação para a CPFL e expressou a resistência e os sentimentos dos trabalhadores e aliados do Movimento das Fábricas Ocupadas.
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o Movimento dos Trabalhadores Desempregados (MTD), Sindicato dos Químicos de Campinas, mandato do vereador Paulo Búfalo (PSOL/Campinas), estudantes da UNICAMP e Centro Acadêmico de Ciências Humanas (CACH - UNICAMP), Associação de Moradores do Parque Bandeirantes, além de uma delegação de militantes da Esquerda Marxista de SP e Campinas compareceram à manifestação.
CPFL passa ridículo
A intransigência da CPFL beira o ridículo. Ao saber da manifestação, preparou um esquema de segurança para impedir a entrada dos trabalhadores na sala da recepção e passou correntes e cadeado no portão do estacionamento.
Foi preciso conversar com o responsável para permitir que os trabalhadores tomassem água e utilizassem o banheiro da recepção, mesmo assim, a entrada só foi permitida para uma pessoa por vez.
Porém, a humilhação também envergonha quem humilha e os trabalhadores souberam minar a truculência da CPFL com sarcasmo e bom humor. Um dos seguranças ganhou até um apelido... Brincadeiras à parte, com certeza, o tratamento dado aos empresários e banqueiros da região é bem diferente deste, destinado ao povo pobre e trabalhador.
Depoimento marcante
A companheira Carla é esposa do companheiro Tiago, trabalhador da fábrica, e o casal tem uma filha de 6 meses de idade e mora na Vila Operária e Popular, bairro construído pelo povo no terreno que pertence à Flaskô.
Um funcionário da CPFL comentou que estava com dó dela e do bebê pelo sol forte que fazia no momento do ato público. A companheira agradeceu a preocupação, mas pegou o microfone e disparou: "a CPFL tinha que ter dó antes de cortar a energia dos trabalhadores. Eu moro nos fundos da fábrica e uso a mesma luz na minha casa. Como pode uma mãe de família, com um bebê para cuidar, viver no escuro? Tinha comida na minha geladeira que tive que jogar fora porque estragou"!
Além deste, vários outros depoimentos relataram o susto, o perigo, o descaso e o prejuízo causados pelo corte de energia elétrica.
A bola está com o governo
Com a reunião marcada pela DRT/SP, a questão está nas mãos do governo Lula, pois o órgão pertence ao Ministério do Trabalho. Os trabalhadores lutam para dobrar a intransigência da CPFL, mas se o governo não fizer nada na audiência ou for conivente com a empresa, a fábrica ocupada Flaskô poderá ser levada ao fechamento, já que sem energia elétrica não dá para produzir e, sem produzir, não dá para pagar os salários e manter os empregos.
Por isso, em mais um esforço heróico, os trabalhadores da Flaskô convocam, em regime de urgência, um ato na DRT/SP, nesta quinta-feira (23/10), às 14h (Rua Martins Fontes, esquina com a Av Consolação)
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