Nos últimos dias, a ONU promoveu em Genebra uma “progressista” conferência para formular um grande pacto internacional anti-racista. Porém, países dos mais racistas do mundo decidiram boicotar o evento: EUA, Itália, Israel, Alemanha, Canadá, Holanda e Polônia decidiram não comparecer alegando que já no texto de convocação estavam implicitas considerações anti-semitas, uma vez que pontuava o desrespeito e violações dos direitos humanos na Palestina. Que o fascista Berlusconi boicote uma conferência anti-rascista até se pode entender, mas e o primeiro presidente negro dos EUA?
Interessante é pensar que os EUA se furtem a esse debate meses depois da grande festa da democracia eleitoral, com a nomeação do primeiro presidente negro norte-americano, que, todos diziam, prometia uma nova era das relações raciais e de igualdade de direitos. Os EUA de Obama, em vez de ser o carro chefe do anti-racismo na ONU, é o carro chefe do boicote à conferência.
Tamanha contradição entre tudo o que foi alardeado sobre o “fim” do racismo nos EUA, e a prática efetiva desse país, que nem no mero âmbito formal aceita relativizar suas formulações de racismo, e a sua concepção da atuação do estado de Israel na ocupação da Palestina, poderia ser vista como um verdadeiro escândalo, que descredenciaria o presidente Obama e todas a suas promessas de salvação em tempos de crise.
Por isso era necessária uma manobra que ocultasse o escândalo, e transferisse a responsabilidade do fracasso da conferência para algum dos países do “eixo do mal”. E a bola da vez foi o Irã. O presidente do Irã começou a falar sobre as mesmas coisas de sempre, que todos sabiam que ele falaria, que ele já falou 500 vezes, que o Estado de Israel utiliza o holocausto do povo judeu na Alemanha nazista como uma espécie de justificativa para o genocídio que impõe ao povo palestino há décadas. Como funciona esse “complexo” sistema? Assim: “ah, você discorda do que nós Israel estamos fazendo com o povo e as terras palestinas? Pois, isso porque você é antisemita, logo nazista e nega o holocausto.” Simples assim, o agressor vira agredido.
Pois quando o presidente do Irã começou a falar, os diplomatas da União Européia que estavam na conferência, “puxados” pelo presidente francês Sarkosy (que também tem seu histórico de racismo) se retiraram e esvaziaram a reunião, em pretensa solidariedade ao povo judeu.
Manobra concluída, reunião esvaziada, o culpado na cruz, e o racismo segue vivo na era Obama.
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